terça-feira, 30 de julho de 2013

Eike Batista e a fábula de Midas

por Marcos Morita*

Era uma vez um monarca muito ganancioso conhecido como Midas, cujo sonho era ter toda a riqueza do mundo. Certo dia encontrou nos jardins de seu palácio um fauno (divindade com o dom da profecia), o qual havia fugido da morada de Dionísio, e que por este era muito estimado. Ao devolvê-lo, Dionísio concedeu-lhe como recompensa e gratidão a realização de um único desejo, qualquer que fosse. Sem pestanejar, pediu para tudo em que tocasse fosse convertido em ouro. Desejo concedido voltou a seu palácio, transformando os objetos ao seu redor. Após pouco tempo começou a notar as dificuldades ao realizar tarefas básicas como comer e beber, transformando em metal um simples pedaço de pão.

Esta parábola poderia muito bem ser apropriada por Eike Batista, quem há pouco mais de um ano foi considerado o oitavo homem mais rico do mundo, com patrimônio estimado em U$ 34,5 bilhões de dólares. Com o poder e ganância (exibidas pelo Mercedes Benz em sua sala de estar e suas declarações nada modestas), literalmente tudo o que tocava parecia virar ouro, com suas empresas e ações valorizando-se dia a dia. Admirado, cobiçado, laureado e elevado à categoria de ícone nacional do empreendedorismo, foi comparado a personagens históricos como Visconde de Mauá, que viveu na época de Dom Pedro II. 

Apesar do colapso premente, assim como a incerteza na continuidade das operações de suas empresas, era brilhante o modelo de negócios arquitetado pelo mega empresário, o qual visava criar um conglomerado diversificado e único, construindo através da exploração de seus recursos internos e da integração entre suas unidades, importantes barreiras de entradas a seus oponentes, em setores já complexos por natureza. Elegi duas estratégias que melhor se aplicam ao caso, conhecidas na teoria como integração vertical e modelo VRIO, exploradas a seguir.

Integração Vertical: esta estratégia passa pela integração dos diversos elos da cadeia de valor, considerando cadeia como o conjunto de atividades para levar um produto ou serviço desde a matéria-prima até o consumidor final. Uma das vantagens em integrar as várias etapas está na redução das variações de preços devido ao aumento da demanda, quebras de safra, variações cambiais ou custos de oportunidade. Esta estratégia pode ser utilizada a jusante ou a montante, à medida que se avança ou se retrocede nos elos da cadeia.

Vejamos como isto funcionaria na prática. A petroleira OGX compraria plataformas do estaleiro OSX; que estaria localizado no porto em construção da LLX; que escoaria a produção da mineradora MMX; que contrataria a energia da geradora MPX; que utilizaria o gás explorado pela OGX. 

A paródia com o poema“Quadrilha” de Carlos Drummond de Andrade: “João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim”, é mera coincidência, o que não se pode dizer da integração a jusante e a montante, as quais tornariam o grupo altamente eficiente e rentável, controlando seus custos através da manutenção dos preços de seus principais insumos, reduzindo seus custos de transportes, logística e matéria-prima, assim como revendendo sua capacidade excedente aos competidores a preços de mercado, utilizando-se do oportunismo por deter os elos da cadeia produtiva.

VRIO: esta teoria menciona que uma empresa deve possuir recursos que sejam valiosos, raros, difíceis de imitar e explorados pela organização. Campos de petróleo, complexos portuários, mineradoras e geradoras de energia são por si ativos que se enquadram nessa definição. Juntos ou integrados dariam ao grupo EBX vantagens competitivas sustentáveis e duradouras. Infelizmente o empresário e seu grupo de executivos não conseguiu ou não teve tempo para colocar em prática os projetos, falhando na última letra do acrônimo, a qual trata da capacidade da organização da empresa no suporte à exploração dos recursos.

A falha na entrega dos projetos e as previsões superdimensionadas de seus poços de petróleo fez com que o feitiço se virasse contra o feiticeiro, provocando um efeito dominó em suas empresas, as quais interligadas começaram a cair como um castelo de cartas. Enfim, a história do mega empreendedor ainda terá muitos desdobramentos, servindo de pano de fundo como estudo de caso verdadeiramente verde e amarelo. 

Voltando à história de Midas, chamou à atenção a queda surpreendente na fortuna de Eike, apurada pela agência Bloomberg em U$ 220 milhões. Apesar de o valor ser suficiente, conforme reportagem de Bárbara Ladeia, pararealizar 1996 viagens suborbitais, passar três anos e meio bebendo uma garrafa diária do vinho mais caro do mundo, arrematar a ilha grega de Skorpios ou dar perda total em 149 Mercedes Benz iguais ao dirigido por seu filho Thor em um acidente, a corrosão em seu legado é surreal. 

Como efeito de comparação e trazendo os valores ao mundo real, teriam sobrado míseros seis mil reais, a uma pessoa que tivesse um patrimônio de um milhão, soma insuficiente para dar entrada em um carro popular. Isto doeria no bolso de qualquer ser humano, agora imagine em alguém com a cobiça do tamanho de Eike, para quem talvez tivesse sido melhor morrer de fome, porém rico, muito rico. Tal qual a fábula de Midas.

*Mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios.

SITE: 
www.marcosmorita.com.br
 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Papa Francisco chega ao Rio de Janeiro

A presidente Dilma Rousseff recebeu o Papa Francisco no Rio de Janeiro. O Papa veio participar da Jornada Mundial da Juventude. (Foto: Roberto Stuckert Filho / PR)

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Opinião

"Ideias, apesar de terem uma força muito grande, não têm capacidade de mudar o mundo. O que muda o mundo é a capacidade de fazer. Enquanto as pessoas estavam nas redes sociais, reclamando, nada acontecia. Quando você vai e bloqueia uma avenida, de repente começa a acontecer um bocado de coisa. Você transformou o potencial. Inovação deve ser confundida com empreendedorismo, não com ideias."

Silvio Meira, professor de engenharia de software do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco, cientista-chefe do C.E.S.A.R e presidente do Conselho de Administração do Porto Digital.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Educação corporativa: antídoto contra o apagão de talentos

por Kátia Crema*

A falta de profissionais qualificados no mercado não é um problema recente, nem exclusivo do Brasil. Segundo uma pesquisa elaborada pela The Conference Board, intitulada de CEO Challenge 2013, o apagão de talentos no mercado de trabalho é o maior desafio de todos os líderes de empresas dos mais diversos setores espalhados pelo mundo. 

Buscando atenuar este problema, as empresas passam a investir cada vez mais na profissionalização de seu capital humano por meio da educação corporativa aliada ao e-learning, ou educação a distância. 

A escassez de recursos e investimentos públicos para a educação, bem como professores desqualificados ou desmotivados, além da dificuldade de acesso a um ensino de qualidade - principalmente para os que vivem em áreas afastadas das grandes capitais - cria profissionais com potencial limitado e que não possuem os conhecimentos mínimos exigidos pela empresa, o que consequentemente os torna desqualificados para o mercado.

A diferença entre os profissionais formados pela rede de ensino versus as qualificações demandadas pelas empresas para a seleção de um funcionário, torna o preenchimento de uma vaga especializada cada vez mais difícil, gerando processos seletivos que podem durar seis meses ou mais, contudo, sem obter o profissional desejado. E as empresas não o fazem por mal. Para se manterem competitivas num mercado globalizado e em constante mudanças, elas precisam de profissionais com conhecimento e habilidade para se moldarem às mais diversas mudanças. 

O diferencial competitivo da empresa é o seu capital humano, que é o recurso que permite seu crescimento, a tomada de novas ideias e estratégias. Sem pessoas, não há empresa no mundo que sobreviva. Por isso, muitas empresas passaram a investir mais em seus profissionais. 

Se o mercado não oferece um profissional com o nível de conhecimento que ela precisa, nada a impede de contratá-lo e moldá-lo de acordo com suas necessidades. Por isso, está ficando cada vez mais comum a criação das universidades corporativas, que como o próprio nome diz, são espaços dentro da empresa que buscam oferecer treinamentos, especializações e informações para aprimorar o conhecimento do capital humano da organização. 

E é neste momento que a modalidade de ensino a distância, na qual funcionários espalhados pelo território nacional ou até mundial, podem ser treinados com as mesmas informações e estarem alinhados aos negócios da empresa de forma bastante dinâmica.

O e-learning veio para quebrar barreiras e permitir o crescimento sustentável das organizações, em especial aquelas que possuem um grande número de colaboradores espalhados em diversas regiões. Além de ser mais barata e viável que processos de treinamentos presenciais, que exigem deslocamentos de equipes para centros de treinamentos, elas podem ser treinadas de onde estão, de forma rápida, usando recursos como computadores, tablets e smarthphones para acessar os conteúdos. 

Por meio da tecnologia, a educação tornou-se mais democrática e atrativa para as novas gerações, que vivem plugadas na internet e são capazes de absorver o grande fluxo de informações que a globalização oferta diariamente. Para as empresas, o e-learning e as universidades corporativas permitiram a contratação e formação de novos talentos, garantindo assim seu crescimento e a geração de novos empregos. 

Já para o país, o uso destas universidades corporativas surgiu como uma forma de possibilitar maior acesso da população de baixa renda a empregos que antes poderiam ser apenas das classes mais abastadas da sociedade, com melhor nível de educação. A grande mensagem que fica é que temos sim um apagão,, mas não de talentos e sim de formação. 

Mas, enfim, este é um problema que tem solução. Para isso, basta que as empresas e as pessoas invistam cada vez mais em educação corporativa, seja ela presencial ou à distância. Assim, crescem as pessoas, as empresas e o país.


*Administradora, pós-graduada em Marketing e designer educacional na SOU Educação Corporativa.

SITE: www.sou.com.br

sábado, 13 de julho de 2013

Opinião

"O mercado é difícil sempre. Isso é desculpa. Precisamos estar atentos às oportunidades. Quando todos choram, alguém vende lenço. (...) A oportunidade é como o vento, precisamos ir atrás dela e não esperá-la."

Mario Sergio Cortella, filósofo, mestre e doutor em Educação.

Supermercados Dia: os limites da relação entre franqueador e franqueado

por José Carlos Fugice Jr.*

Recentemente, uma matéria sobre os franqueados do Dia, rede de supermercados cujos acionistas são os mesmos do Carrefour, retratou alguns problemas operacionais da rede que levou cerca de 70 franqueados endividados em uma grande briga judicial contra o franqueador.

O ponto principal da discussão é o fato do franqueador obrigar que os franqueados comprem produtos, mesmo que não tivessem saída na loja, independentemente se isso possa gerar prejuízos à rede. Em face desta discussão, os franqueados alegam que são funcionários e não empresários, visto que não possuem autonomia sob a gestão de seus negócios.

Em contrapartida, o Dia alega que as regras já estavam previstas no contrato e que os franqueados insatisfeitos são a minoria. Diante disso, precisamos dividir a discussão em duas partes.

Primeiramente, a maioria dos contratos de franquias já possui alguma clausula prevendo que o franqueado tenha que respeitar a estratégia de sortimento, precificação e estoque mínimo de produtos estabelecidos pelo franqueador. 
Em outras palavras, o franqueador decide o mix de produtos, os preços e o estoque que o franqueado precisa ter de cada item. Tudo isso ocorre, pois entende-se que o franqueador possui experiência e que estas definições são fundamentais para o bom andamento do negócio.

Mas, por outro lado, o que está previsto na “cartilha”, nem sempre é a melhor solução para toda rede franqueada. Que estas regras são claras e estão no contrato, todos os franqueados sabem. A pergunta que fica é “e se o franqueado estiver perdendo dinheiro com esta estratégia?”.

Definir padrões, sem levar em consideração os impactos econômicos, é uma decisão totalmente irracional, uma vez que presumimos que o objetivo principal de um negócio é gerar caixa para toda a cadeia de valor.

Em suma, se o franqueado não ganha dinheiro, o modelo de franquias está fadado ao fracasso. Neste caso, a estratégia do “ganha-ganha” é mais do que fundamental para garantir o futuro da organização.

Para que estas decisões não impactem negativamente, o franqueador deve flexibilizar os contratos prevendo as particularidades de cada região. Os hábitos de consumo devem nortear todas as estratégias de sortimento, precificação e de estoque mínimo, de forma que o modelo de negócio estabelecido possa ser competitivo localmente.

Partir do pressuposto que a franquia precisa ser igual e ter as mesmas estratégias em todos os lugares, é o mesmo que achar que a receita de sucesso deve ser a mesma para situações distintas.

Concordo plenamente que o padrão é fundamental para o desenvolvimento da rede, desde que não prejudique a operação do franqueado. Entretanto, exigir que um franqueado compre produtos, mesmo que tenha prejuízos, é definitivamente, um tiro no pé!

*Administrador de empresas especializado em franquias e varejo com MBA em administração de empresas pelo CEAG FGV/SP. Fundador da GoAkira Consultoria Empresarial.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Opinião

"Procuro olhar para as coisas com certo espanto, com ar de novidade, como se eu nunca tivesse visto aquilo antes. Isto é o principal. (...) Uma boa reportagem tem de ter, principalmente, boas entrevistas. Quanto mais pessoas falam, melhor. Ter uma sacada, um elemento diferenciado também é importante."

Neide Duarte, jornalista.