sábado, 28 de novembro de 2015

O desastre de Mariana

por Célio Pezza*

O rompimento da barragem em Mariana (MG), no começo do mês de novembro, já é considerado um dos maiores desastres ecológicos do mundo, com consequências terríveis para toda a região por muitas dezenas de anos. De acordo com o Relatório Anual de Sustentabilidade, a produção da mineradora gerou, no ano passado, perto de 22 milhões de toneladas de rejeitos e o seu lucro no mesmo período foi de R$ 2,8 bilhões.

O rio Doce morreu e o solo de toda região está contaminado por uma série de metais pesados, alguns cancerígenos e de vida extremamente longa na natureza. A lama mortal atravessou milhares de quilômetros e atingiu o litoral, destruindo também a vida marinha. Este episódio mostra o quanto a União e os estados brasileiros estão subordinados aos interesses das mineradoras, sob o discurso de manter um superávit primário.

Além da degradação ambiental, existem casos de evasão de divisas, sonegação de impostos, falta de controle sobre o que foi realmente extraído e comercializado no mercado internacional, e outros crimes. Apesar de tudo, o setor recebe incentivos fiscais para novos empreendimentos. No caso desse desastre, a Samarco Mineração pertence a Vale (50%) e à inglesa-australiana BHP (50%), duas das maiores empresas de mineração do mundo.

Foto: Defesa Civil / MG / Divulgação
De acordo com relatórios da Samarco, em 2014 faturaram perto de R$ 7,6 bilhões e investiram em meio ambiente cerca de R$ 80 milhões, ou seja, perto de 1% do faturamento. A mineradora também aparece como uma grande financiadora de campanhas políticas de 2014, contribuindo com perto de R$ 48 milhões para diversos partidos. Poucos dias depois da tragédia, a presidente Dilma assina o decreto 8.572, de 13 de novembro de 2015, onde passa a "considerar como natural o desastre decorrente do rompimento ou colapso de barragens, que ocasione movimento de massa, com danos a unidades residenciais", para que os atingidos possam sacar recursos do FGTS.

A subprocuradora Sandra Cureau, que atua na área de Meio Ambiente da Procuradoria-Geral da República, criticou o decreto, pois isso pode ser usado pela Samarco, alegando que, se foi causa natural, não é de responsabilidade de ninguém. Ela ressaltou que a liberação do FGTS já desvirtua o objetivo do fundo, que não poderia ser utilizado para reparar danos que são de responsabilidade da mineradora. É no mínimo um decreto infeliz, ainda que a intenção tenha sido boa.

Ainda de acordo com a subprocuradora, "a presidente não pode editar um decreto dizendo que um quadrado é redondo, que uma laranja é azul. Esse desastre não é natural".

*Escritor.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Opinião

"Sabe que eu não sei quando uma história começa a surgir? Só sei que, quando ela ocorre, a gente deve anotar logo. O processo criativo pode estar na própria natureza, no cotidiano, na página de um jornal. (...) Acho que inspiração é isso: você olha para uma coisa simples, corriqueira, como uma folha seca caindo da árvore. Pra todo mundo, é uma folha seca caindo da árvore. Para o sambista, é uma canção. É preciso estar atento."

Ziraldo, cartunista, escritor e apresentador de TV.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Você se cobra demais?

com informações da Toda Comunicação

Imagine uma pessoa bem-sucedida. Para chegar nesse estado, provavelmente ela tenha se esforçado e feito alguns sacrifícios. É com esse pensamento que todas as pessoas se cobram diariamente, em busca de conseguir as melhores conquistas em suas vidas. Porém, a auto cobrança excessiva pode ser muito prejudicial.

O exagero da cobrança se dá pelo verbo ter. Muitos precisam ter uma boa casa, um bom emprego, um bom salário, uma boa imagem e uma boa família. Assim, o psicólogo e coach João Alexandre Borba afirma que o mundo está mais acelerado e as pessoas seguem esse ritmo. "Hoje todos temos nossas obrigações diárias e corremos porque achamos que não vai dar tempo de fazer nada. As pessoas devem parar e relaxar mais, mas não conseguem porque ficam em um estado psicológico muito desconfortável, já que se sentem mal e sem aquela sensação de dever cumprido", analisa.

Dessa forma, as pessoas procuram realizar cada vez mais coisas para conquistar as suas metas. Mas essa pressão que todos colocam sob si mesmos não resolve nada. Afinal, não é a cobrança que vai acelerar uma melhora, seja ela pessoal ou profissional. "As pessoas não entendem que essa autocobrança só vai gerar mais estresse. Se uma mulher se cobra por não ter filhos, alimentar essa pressão não vai fazer com que ela tenha filhos. Ela vai acabar dando foco apenas para isso e esquecer dos outros fatores para isso acontecer. Ou seja, vai acabar se frustrando e com a autoestima baixa".

É claro que devem existir algumas cobranças internas, mas o ideal é não deixar que elas tomem conta da sua cabeça. Por isso, Borba conta que existe uma diferença entre ser disciplinado e ter uma grande pressão em si mesmo. "Existem várias situações na vida que é preciso entregar um trabalho em um prazo ou trabalhar x horas por dia. Aprendemos a lidar com isso desde crianças. Mas a auto exigência em excesso nos coloca em um estado de ansiedade e tristeza por não conseguir realizar o que gostaríamos, podendo causar até mesmo algum tipo de transtorno mais sério", revela.

Mas como então fugir disso? Para Borba, é necessário parar em alguns momentos pensar em quais são seus planos para o futuro. "Saber identificar como você está se sentindo no momento pode te motivar a querer algo mais e mudar em direção a novos objetivos. Muitas pessoas têm receios de sair da sua zona de conforto, mas isso pode fazer muito bem e fazer com que o indivíduo alcance grande parte da felicidade que tanto procurava", conclui ele.

Opinião

"Eu estou sempre criando e posso dizer que o meu trabalho é um ciclo. Tem começo, meio e fim, mas nunca é encerrado. Gosto de retomar alguns projetos e isso não me impede de trabalhar em outras coisas."

Alexandre Orion, artista plástico.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Opinião

"A possibilidade de troca de ideias e de mesclar o que cada integrante do grupo traz de experiência pessoal durante a criação possibilita a criação de soluções assertivas, que acabariam precisando de muito mais tempo para serem desenvolvidas individualmente. A parte difícil do trabalho coletivo é que o grupo de trabalho precisa ter maturidade de desapegar da sua ideia pessoal em prol das mutações que ela sofre na coletividade."

Mônica Dioconde, arquiteta da informação.

Opinião

"Uma das maneiras de fazer com que a cabeça pense é sermos disciplinados. Disciplina é sinônimo de método, dedicação e aplicação."

Mario Sergio Cortella, filósofo, escritor e educador.

Multiculturalismo corporativo: como lidar (e se beneficiar) com as diferenças nas organizações

por Arley Ribeiro*

O mundo muda constantemente, em uma velocidade fantástica. As mudanças não são apenas tecnológicas, mas também sociais e políticas e exercem grande influência em nosso dia-a-dia. Adaptar-se ou rejeitá-las é uma questão individual e, ainda hoje, existem pessoas que preferem se manter distante do mundo tecnológico sem deixar de interagir com quem é extremamente "plugado".

Esse tipo de escolha não pode ocorrer no mundo dos negócios. Ou a empresa se adapta rapidamente às mudanças, ou simplesmente se acaba.

Embora os planos de cada corporação dependam de uma série infinita de fatores diretamente ligados ao seu ramo de atuação, existe uma particularidade que facilita a adaptação: o multiculturalismo corporativo. Pessoas de diversas culturas, credos, gêneros e idades podem contribuir com diferentes pontos de vista quando diante de uma mesma questão. Assim, com a visão mais geral possível, o executivo principal tem uma base sólida para tomar decisões com maior probabilidade de acerto.

Mas, existe o outro lado da moeda: consolidar as ideias de pessoas com diferentes formações e opiniões transformando-as em um ponto de vista válido é uma tarefa complexa. Comunicar suas ações para superiores de culturas diversas, também é um desafio.
 
Sempre gostei de trabalhar com equipes multiculturais, que me ajudaram muito na obtenção de resultados e me exigiam bastante empenho para gerenciá-las. Ao mesmo tempo, quase sempre tive que me reportar para pessoas de culturas muito diferentes da minha e adaptar minhas repostas e ações para que fossem perfeitamente compreendidas. Essa é uma virtude que consegui após certo esforço.

Eu me lembro da minha primeira apresentação para executivos europeus, quando trabalhava numa empresa alemã. Eles ouviram compenetrados e quietos toda minha explanação, sem apresentar a mínima reação. Quando terminei, eles começaram organizadamente a fazer perguntas detalhadas e acabaram aprovando todos os meus planos.

Algo diferente ocorreu com minha primeira experiência com executivos indianos. Eles sinalizavam com a cabeça "negativamente" o tempo inteiro e mesmo quando as minhas respostas pareciam estar corretas continuavam sinalizando negativamente. Logo depois o término de minha explanação, com poucos reparos nos meus planos, que me disseram que o movimento do "sim" indiano corresponde ao nosso "não".

O mais complexo é "aglomerar" as ideias da equipe de forma a facilitar a tomada de decisões. Há alguns anos, trabalhava em uma empresa química nacional e os técnicos descobriram um produto que secava muito rápido e que permanecia flexível depois de seco. Eu passei a questão para as diversas áreas envolvidas no processo e não encontramos uma aplicação prática para esta fórmula. Até que um dia, em uma reunião com pessoal da linha da produção acabei mencionando este produto como um ideia ainda sem aplicação. Um operário já de certa idade, recém-contratado, levantou e disse: "Moço, isto aí para colar solado de sapato deve ser bom demais". E foi mesmo. Desenvolvemos um produto para sapateiros que trabalhassem em lugares muito frios, como na região Sul do país, pudessem ter agilidade em seu trabalho.

Muitas vezes, a "cultura" necessária para uma decisão não vem só da formação da equipe, mas sim de experiências que estas pessoas tiveram. Este senhor já havia trabalhado como sapateiro e, mesmo sem ter cursado nenhuma faculdade, resolveu um problema que outras pessoas não haviam conseguido.

Assim, a multicultura é a melhor forma de uma empresa ter sucesso em um ambiente extremamente mutável, e também para enfrentar períodos de retração econômica. Ao mesmo tempo, todo executivo precisa também estar aberto para entender a diversidade tanto da sua equipe, quanto das pessoas acima e à volta dele, tirando proveito da diversidade de ideias e opiniões geradas por pessoas muito diferentes.

*Executivo e engenheiro químico, com experiência no setor de adesivos de consumo e industrial. Atualmente é gerente na Pulvitec/Pidilite e possui experiência internacional em diversos países da América do Sul, México, EUA, Europa e Índia.
 

Opinião

"A sociedade desenvolveu uma extraordinária competência para inovar em técnica, mas não desenvolveu competência para refletir sobre o interesse e a pertinência dessa técnica."

Clóvis de Barros Filho, jornalista, professor, pesquisador e conferencista.

Opinião

"As empresas saudáveis são aquelas que também melhor respondem à mudança, tanto pela sensibilidade em detectar sinais de oportunidade como por obter uma congruência em seu modelo de gestão."

Eduardo Carmello, coach, consultor e palestrante.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Opinião

"As primeiras pessoas que viveram tinham muito conhecimento, porque aprendiam diretamente com a natureza. Depois, com o surgimento da tecnologia, elas começam a ter várias correntes religiosas. (…) As tecnologias ajudam as pessoas a se desenvolverem espiritualmente. Graças à internet, as fronteiras se acabaram, porque agora todos podem se desenvolver conhecendo tradições diferentes."

Mahasiddha Nayada, xamã e etnoterapeuta.