terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Enchentes e deslizamentos: como a radiocomunicação pode salvar vidas?

por Adriano Fachini*

A radiocomunicação é o meio de comunicação mais rápido entre equipes que trabalham na mitigação de desastres e situações de emergências. Todo começo de ano com a intensificação das chuvas e a precária infraestrutura de muitas cidades brasileiras, infelizmente ocorrem muitas catástrofes decorrentes de enchentes e deslizamentos.

Em tais situações, não raramente, as localidades atingidas ficam sem eletricidade, sem serviços de telefonia móvel ou fixa e muitas vezes até sem água potável. Nesses momentos somente a radiocomunicação é capaz de prover comunicação eficaz entre os diversos grupos socorristas, tais como bombeiros, defesa civil, serviço de saúde, entre outros.

Ao contrário da rede de telefonia móvel e de outros serviços de telecomunicações, como a Nextel por exemplo, a radiocomunicação pode e deve ser instalada de modo a abranger todas as áreas do município para que nesses momentos que realmente importam, possa prestar atendimento à população atingida.

As operadoras de telefonia móvel instalam torres e equipamentos onde há concentração de pessoas capazes de lhes reverter lucro. Onde não há viabilidade financeira não existe cobertura e sinal de celular. Ao contrário desse serviço, a rede de radiocomunicação pode ser projetada de modo a levar cobertura onde o poder público necessitar, bastando para tanto o investimento em infraestrutura, cujo retorno será garantido ao longo dos anos.

A UIT - União Internacional de Telecomunicações, agência da ONU especializada em telecomunicações recomenda o uso de radiocomunicadores no combate a catástrofes e situações de emergência. Ao longo da história, há inúmeros registros de salvamentos possíveis graças a comunicação imediata proporcionada pela radiocomunicação. Podemos citar dentre os principais, a atuação dos bombeiros no atentado as torres gêmeas em Nova York, sendo a radiocomunicação decisiva para o resgate de pessoas presas nos escombros.

No evento do 11 de setembro vários bombeiros de cidades vizinhas foram para a cidade ajudar no resgate e puderam trabalhar em conjunto graças a um plano pré-existente para situações de emergência que garantiu interoperabilidade entre redes de radiocomunicação de padrões e gerações diferentes. O mesmo não ocorreu com as equipes de policia. Por não terem suas redes integradas, não receberam a tempo o aviso para evacuar os prédios já condenados pelos bombeiros. Muitos policiais morreram tentando salvar vidas pela falta de integração das redes. 

 
 
 O radioamador André Sampaio (PY0FF) ajudou Marinha e a Aeronáutica durante 
          as buscas pelo avião da Air France que caiu no mar em 2009 ( Foto: Internet / http://py3it.blogspot.com.br )

Usando este exemplo, assim como muitos outros aqui mesmo no Brasil, entendo que muito precisa ser planejado e implementado, sendo o Ministério da Justiça através da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), o fórum ideal para o planejamento da arquitetura de redes ideal para as diversas regiões do país.

*Empresário do setor de telecomunicações e presidente da Aerbras - Associação das Empresas de Radiocomunicação do Brasil.

SITE: www.aerbras.com.br 

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