quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Opinião

"Não tenho fórmula. Cada vez é diferente. Eu penso que o artista está permanentemente expressando emoções e questionamentos. E o sentido de inspiração estará sempre ligado à realidade momentânea. Uma parte se produz dentro da minha cabeça, outra vem da relação de um contexto."

Leandro Erlich, artista plástico.
 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Opinião

"O processo criativo em todos os momentos está envolvido na elaboração de uma solução. (...) Depende do cliente e das necessidade. Se existe o component de engenharia, há um número significativo de outros fatores. E no fuseproject, o design não para. Apoiamos com a fabricação, estratégia de varejo, go-to-market ativações, nomeação. Tudo faz parte do próprio projeto, e precisa ser considerado através da mesma lente. Pode levar seis meses ou cinco anos."

Yves Béhar, designer.

Opinião

"Preciso entender o que o cliente quer e até o que ele não sabe o que quer. O ponto alto do high design é quando você dá para a pessoa aquilo que ela nem sonha que poderia ter. Eles gastam milhões de euros, dólares, reais, naquilo, e querem ter o que sonharam. A pesquisa é muito importante. Eu adoro. É um processo mágico, que chamo de 'removendo o medo'. A minha equipe é muito boa em abrir a cabeça de todos os envolvidos."

Eric Carlson, arquiteto.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Black Friday x Consumo Consciente

por Marcus Nakagawa*

A Black Friday passou e já estamos pensando nas lembrancinhas de Natal. Alguns aproveitaram para comprar os seus presentes nesta que virou mais uma data de vendas no país, principalmente na internet. Segundo o Ebit, neste ano o varejo online vendeu R$ 1,9 bilhões, com um aumento de 17% em relação ao ano passado. Mas o mesmo órgão esperava a cifra de R$ 2,1 bilhões para este ano.

É interessante que os sites eletrônicos de vendas e, principalmente, a sua parte de logística e processos estão começando a ficar preparados para este dia de boom de atividades. Quem mostra este dado é o site Reclame Aqui, que apontou 2.912 reclamações nas 24 horas do dia da Black Friday, sendo 33% a menos do que no ano passado.
 
 

Não só o bombardeio de publicidade na TV, jornais, rádios e internet, mas a invasão de anúncios nos nossos e-mails e mídias sociais. Tudo isso fez com que muitos resolvessem comprar o que talvez não estivessem precisando ou ainda “só para aproveitar o que estava barato”.

Mas também não era apenas a Black Friday, era a semana Black Friday, o fim de semana Black Friday, o mês Black Friday. Engraçado que em minha aula de inglês, Friday era sexta-feira, mas deixa pra lá.

Sim, estamos precisando mexer na economia, mover o consumo para voltarmos a crescer e sair desta recessão que muitos da geração Millenium nunca tinham passado. Precisamos fabricar mais, produzir mais, vender mais e fazer a roda econômica girar. Mas sempre com muita consciência!

O momento é crítico e muito, amigos e amigas estão desempregados buscando vagas há mais de um ano. Mas o motor do consumo vai salvá-los?

Não sei se só isso é suficiente. O Natal está chegando e precisamos ter ainda mais consciência nas nossas compras e débitos nos cartões de crédito. Precisamos entender o momento econômico do Brasil e do mundo, além destas turbulências políticas pelas quais estamos passando. Para isso, o Instituto Akatu nos ensina a questionar antes de digitar o número do seu cartão:

1. Por que comprar? Você realmente precisa ou está sendo estimulado por propagandas e impulso do momento? É importante comprar agora ou pode esperar o mês que vem?

2. O que comprar? Neste momento precisa analisar as opções e escolher algo que as características realmente atendam à sua necessidade, pois atributos demais no produto podem ser desperdícios.

3. Como comprar? À vista, a prazo, no cartão? Vou conseguir pagar as prestações? Não se somarão às já existentes? Será que o meu momento financeiro permite?

4. De quem comprar? Este produtor ou empresa é confiável? Esta loja é indicada? Já ouviu falar de algum problema com a empresa sobre mão de obra escrava ou trabalho infantil? Pesquisou o preço?

5. Como usar? Usar com delicadeza para não quebrar e ter que comprar outro. Usar até o fim, não em função da moda ou da novidade. Lembre-se da energia e dos recursos naturais e pessoais que foram utilizados para o seu produto estar com você.

6. Como descartar? Depois de usar o que fará com o produto? Ele não desaparecerá como mágica. Você poderá doar? Reciclar? Transformar? Tem que pensar nisso antes de comprar!

Pois é, perguntas que parecem fáceis, mas que no nosso dia a dia não nos fazemos. O consumo consciente tem a ver com você atender as suas necessidades sem com isso afetar a sua condição monetária (entenda-se endividamento), a sua condição produtiva (leia-se trabalho, será que você continuará empregado ou recebendo?) e os impactos diretos no planeta e nas pessoas. Vamos nos desenvolvendo sempre!

 
*Sócio-diretor da iSetor, professor da graduação e MBA da ESPM, idealizador e diretor da Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida.
 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Breve relato de uma experiência na “Feira do Troca” de Olhos D´água

por Jayme Vasconcellos*


Tinha carro com placa do DF, de MG, de MS, do RJ, de SP, do TO, de GO, é claro. Pelo menos os que eu vi.

Bicho de pelúcia e bicho vivo. Um bezerrinho lindo. Qual será o destino dele?

Livro já escrito e livro sendo escrito. Na hora. Por poetas. Declamando versos em troca de um trocado.

As meninas do bambolê, trocando ‘saberes bambolísticos’.

Tinha roqueiro, motociclista (ou seria motoqueiro?), sertanejo, hippie, mestres dos saberes tradicionais, artesãos, artistas, turistas, moradores.

Cachaça tradicional, curtida em barril de carvalho, ao lado de drinks coloridos, com chapeuzinho dentro de um abacaxi. 

Catira e moda de viola numa esquina e rock autoral, progressivo e seminal em outra, no chamado ‘Sarau Psicodélico’.

Verduras, legumes, frutas, plantas decorativas... senti o cheiro de outras ervas, mas não há provas de nada...

Brinquedos usados, muito usados, mas ainda ‘brincáveis’.

Teve briga. Dois rapazes feridos à faca. Tinha polícia, muita. Teve briga de casal também. Essas coisas acontecem. 

Zé do Pife e as Juvelinas estavam lá. A Cia. Circênicos também.

Tinha cerveja. Mais cara e mais gelada nos bares. Mais barata e mais quente nos vendedores de rua.

Muita tranqueira. Cosa velha mesmo. Mas bastante coisa que dava para reaproveitar. Dar um uso novo ao velho.

Gente nova, gente velha. Magro, gordo. Preto, branco, pardo, mestiço... gringo, não vi nenhum. Índio, também não. Onde será que estavam?

Profissionais dos usados, donos de antiquários e brechós. Saindo carregados de produtos.

Amadores dos usados. Gente como eu, que tentou vender ou trocar algo que não mais servia. 

Levei uns 20 livros. Romances, livros técnicos (de direito, administração...), religiosos. Estava aberto ao escambo. Fiquei 4 horas no meu humilde ponto de venda. Várias pessoas pararam para olhar. Cheguei a ter 3 clientes de uma só vez olhando os livros. Uau, que legal! 

Vendi 5 exemplares, por 10 reais (cada). Talvez tivesse vendido mais. Perguntaram se tinha algo do Sidney Sheldon e do Carl Sagan. Não tinha. Pena.

Foram 50 reais arrecadados. Gastei muito mais. Hospedagem, combustível, alimentação. Mesmo assim, saí no lucro. A experiência foi ótima. Comercial. Administrativa. Antropológica. Sociológica. Filosófica (bati um bom papo sobre ciência x religião). Escatológica (pisei em dejetos caninos... isso dá sorte?). Repito, saí no lucro.


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Feira do Troca: tradição que resiste
(Foto: Jayme Vasconcellos / Criatividade para todos)
Olhos D´água, pequeno povoado de Alexânia (GO), fica a cerca de 100 km de Brasília. Sedia duas vezes por ano a tradicional Feira do Troca. No início, moradores trocavam artigos de casa, utensílios de trabalho, roupas e artesanato. O bom e velho escambo. A troca por necessidade deixou de existir, mas a troca justa permanece. Negociar faz parte do processo, em que todos saem ganhando. Também dá para vender, é claro. Mas o preço é honesto. 

Estive nas duas edições de 2016 da Feira do Troca. O relato acima mescla a experiência dessas duas ocasiões. O texto foi escrito durante a feira. Enquanto esperava ‘clientes’ e novos amigos, rascunhava o que via, o que ouvia, o que sentia. Como disse antes, saí no lucro.
 
*Jornalista e radialista. Editor de conteúdo do Criatividade para todos.